Trabalho em números é um mergulho profundo nas maiores tendências e pesquisas sobre o mundo do trabalho e do setor imobiliário.
Em períodos conturbados, a tendência do ser humano é se voltar para si mesmo e perguntar: “será que estou bem?” Para milhões de trabalhadores em todo o mundo, a resposta a essa pergunta é complicada. Entre a pandemia da COVID-19 e o aumento do custo de vida, é fácil entender por que as pessoas talvez estejam se sentindo extenuadas. O bem-estar é uma prioridade, em casa e no trabalho.
Os funcionários estão solicitando que as empresas criem um ambiente que apoie suas necessidades e crie meios para facilitar o melhor trabalho possível. O momento nunca foi tão propício: 11,5 milhões de pessoas nos EUA deixaram o emprego no segundo trimestre de 2021, de acordo com o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, representando o maior índice de pedidos de demissão em mais de 20 anos. Esses dados não significam que todos estão prestes a sair do emprego amanhã, mas devem fazer os empregadores refletir.
Empresas que colocam ênfase no bem-estar do trabalhador veem mais engajamento, têm menos rotatividade e mais facilidade de atrair talentos. Toda empresa quer ser um lugar onde os funcionários se sintam envolvidos, animados e orgulhosos de trabalhar. Mas o que bem-estar significa de fato? Como as empresas podem criar um ambiente que promova bem-estar?
Um mundo estressante com funcionários pedindo ajuda
Um estudo recente da NPR revela um quadro impressionante de como a pandemia, e especificamente a variante Delta, afetou o público dos EUA. A pesquisa com 3.616 adultos descobriu que 38% dos lares dos EUA declararam enfrentar sérias dificuldades financeiras, com maior incidência em famílias latinas e negras, com 57% e 56%, respectivamente. Pessoas com crianças declararam sofrer com ainda mais fontes de pressão: 20% das famílias lutam para encontrar cuidados infantis adequados para permitir que voltem ao trabalho, e 69% dizem que seu filho com idade de Ensino Fundamental e Médio enfrenta dificuldades para acompanhar as aulas.
Outra descoberta preocupante é o estresse emocional causado pelo aumento de crimes de ódio nos EUA. Uma em cada quatro famílias asiáticas disse que temia ser ameaçada ou atacada fisicamente por motivos raciais. Esse mesmo sentimento foi sentido por 22% dos lares nativos americanos, 21% dos lares negros e 8% dos lares latinos.
Todos esses fatores estão causando prejuízos para a saúde mental. Metade dos entrevistados pela NPR disseram que alguém em sua casa teve problemas graves de ansiedade, estresse, depressão ou insônia nos últimos meses.
Essas ansiedades também parecem estar aumentando no local de trabalho. Em uma pesquisa da Indeed com 1.500 funcionários, 67% relataram aumento no esgotamento mental durante a pandemia. Outro estudo da YouGov descobriu que a “síndrome de domingo”, ansiedade comum que alguns funcionários sentem no domingo com a proximidade da próxima semana de trabalho, está cada vez mais comum.
Uma pesquisa recente da Deloitte revelou que 80% dos 6.000 trabalhadores globais disseram que o bem-estar deve ser prioridade máxima para seus empregadores. Todo esse estresse, esgotamento e ansiedade social tornam o bem-estar no local de trabalho ainda mais fundamental, e os funcionários estão implorando ajuda.
O que é bem-estar no trabalho?
O bem-estar no local de trabalho é um termo geral para todos os aspectos da vida profissional. Ele inclui como os funcionários se sentem sobre a qualidade física e segurança do local de trabalho, o ambiente social e o trabalho que realizam.
O bem-estar no local de trabalho pode ser dividido em quatro categorias principais:
Carreira: você gosta do que faz todos os dias?
Os funcionários que sentem que seu trabalho é significativo e veem oportunidades realistas de crescimento e desenvolvimento têm a tendência de apresentar taxas mais altas de bem-estar no trabalho. Em uma pesquisa recente da YouGov com mais de 9.000 funcionários dos EUA, 55% de todos os funcionários entrevistados sentem que seu trabalho faz uma contribuição significativa para o mundo e, desses, 88% também relatam se sentir realizados com seu trabalho.
Por outro lado, aqueles que não sentem que seu trabalho é significativo ou não veem oportunidades de crescimento na carreira têm maior probabilidade de sofrer estresse, esgotamento e outros problemas de saúde mental. Em um relatório de 2021 da American Psychological Association pesquisando 1.501 funcionários dos EUA, 52% disseram que a falta de crescimento profissional contribuiu para o estresse no local de trabalho. Esse número subiu de 44%, quando a mesma pesquisa foi realizada em 2019.
Social: você tem relacionamentos significativos?
Embora os funcionários gostem da flexibilidade do trabalho remoto, há um risco maior de isolamento, e trabalhar remotamente pode causar efeitos danosos sobre sua saúde mental. Em uma pesquisa de 2017 da Gallup com 195.600 funcionários dos EUA, 70% disseram que ter um amigo no trabalho era o fator mais crucial para a felicidade deles no trabalho. O isolamento social, em geral, está associado a aumentos de casos de depressão, estresse e outros problemas de saúde de longo prazo. Um cronograma de trabalho flexível com horários de reunião presenciais coordenados e eventos sociais pode ajudar os funcionários a formar relacionamentos frutíferos no trabalho.
Físico: você tem energia para completar suas tarefas?
Os funcionários que conseguem algum tempo para cuidar de si mesmos têm maior probabilidade de gostar do trabalho. Dormir, especificamente, é fundamental. A falta de sono retarda os processos de pensamento, prejudica a memória, torna o aprendizado mais difícil e aumenta o risco de depressão. Embora as empresas não possam garantir de forma realista que os funcionários durmam o suficiente, elas podem promover uma cultura em que os funcionários não se sintam pressionados a trabalhar número excessivo de horas ou à noite e nos fins de semana. Também está bem estabelecido que exercícios podem melhorar a saúde mental. Portanto, incluir benefícios como reembolso para academia podem ajudar muito a melhoria do bem-estar físico.
Financeiro: você tem dinheiro suficiente para viver confortavelmente?
Obviamente, salários mais altos deixam os trabalhadores mais felizes, mas o aumento do custo de vida em muitas cidades está aumentando a pressão sobre os funcionários com salários mais baixos. Os aluguéis nos EUA dispararam, aumentando 11,4% nos primeiros seis meses de 2021 em comparação com uma média de 3,3% em 2017, 2018 e 2019, e especialistas preveem que esses aumentos continuarão nos próximos meses. Ao mesmo tempo, os salários permaneceram praticamente estagnados. Essa pressão sobre os baixos salários tem consequências profundas. A NPR descobriu que 59% dos entrevistados que ganham menos de US$ 50.000 por ano enfrentaram dificuldades financeiras em comparação com apenas 18% daqueles que ganham mais de US$ 50.000 por ano.
A Associação Americana de Psicologia descobriu que mais da metade dos funcionários pesquisados disseram que os baixos salários impactaram o desempenho no trabalho.
Como empresas estão apoiando o bem-estar
Uma pesquisa recente do LinkedIn forneceu informações sobre o que os funcionários estão pedindo. Dos 5.291 profissionais dos EUA pesquisados, quando solicitados a listar o que queriam de seus empregadores após a pandemia, 50% mencionaram que horários flexíveis e a localização do trabalho ficou mais importante após a pandemia, 45% incluíram equilíbrio entre vida e trabalho, 41% incluíram melhores benefícios incluindo folgas remuneradas e plano de saúde; melhor salário e cultura no local de trabalho aparecem empatados em 36%. Oferecer remuneração competitiva, benefícios atrativos e um ambiente de trabalho saudável é a base, mas qual é a abordagem de outras empresas para o bem-estar dos colaboradores?
Twitter fez com que os funcionários se sentissem incluídos e valorizados
Um estudo da American Psychological Association descobriu que 48% dos trabalhadores afirmam que a falta de envolvimento na tomada de decisões sobre horários de trabalho remotos, mudanças nos negócios e questões relacionadas ao RH e bem-estar contribuem para o estresse no local de trabalho. O Twitter tomou medidas para permitir que os funcionários tomem decisões de nível superior. As medidas incluíram estabelecimento de grupos de trabalho com o CEO, pesquisas frequentes de satisfação com os funcionários e um programa simplificado de desenvolvimento de talentos. O objetivo dessas medidas é reduzir a barreira entre funcionários e liderança. Parcialmente, graças a esse trabalho, a empresa apresenta um forte envolvimento dos funcionários e, frequentemente, é classificada nos nos primeiros lugares para a qual as pessoas preferem trabalhar.
O Slack tomou medidas significativas para adotar a flexibilidade
Estudos demostram que horários flexíveis têm um impacto positivo no bem-estar e na felicidade geral dos funcionários. Slack foi uma das primeiras empresas a adotar a tendência de flexibilidade no local de trabalho, anunciando no início da pandemia que os funcionários teriam a liberdade de trabalhar quando e onde preferissem. Para oferecer aos funcionários uma ampla variedade de opções, o Slack manteve um espaço de escritório para os funcionários e também oferece associações ao WeWork All Access, oferecendo aos funcionários um passe para centenas de locais da WeWork em todo o mundo.
O Citibank transformou o equilíbrio entre vida e trabalho uma prioridade
O Citibank tomou medidas no início deste ano para marcar uma linha mais distinta entre o pessoal e o profissional. Eles instituíram as sextas-feiras livres de Zoom, incentivaram os funcionários a tirarem férias e passaram a desencorajar agendamento de chamadas e reuniões fora do horário de trabalho. Embora os resultados desses esforços ainda não tenham surgido, condições de trabalho estressantes e número excessivo de horas de trabalho há muito são comuns em instituições financeiras, portanto, mesmo pequenos passos têm o potencial de fazer uma grande diferença.
A Gravity Payments aumentou o salário dos funcionários
A empresa de processamento de cartões de crédito Gravity Payments, sediada em Seattle, recebeu muita atenção quando o CEO anunciou que a empresa aumentaria o salário-base dos funcionários para US$ 70.000 por ano em 2015. Desde então, a empresa apresentou aumento de receita e sinais de que os funcionários estavam se desenvolvendo e prosperando. Com o aumento nos salários, os funcionários puderam comprar casa e ter mais filhos, e 70% dos funcionários conseguiram pagar significativamente suas dívidas. Para a Gravity Payments, aliviar parte das dificuldades financeiras de alguns de seus funcionários com salários mais baixos fez uma grande diferença.
O bem-estar pode parecer uma tarefa complicada. As vantagens chamativas e os benefícios enigmáticos que eram populares há alguns anos (como as mesas de pingue-pongue no escritório) acabaram não cativando os funcionários de forma duradoura. As empresas que oferecem salários e benefícios competitivos ainda podem encontrar dificuldades com esgotamento e baixo envolvimento dos funcionários, se não tomarem medidas extras para ajudar os funcionários.
A empatia paga dividendos. É fundamental que as empresas tomem medidas para compreender o que os funcionários estão sentindo e adaptem os benefícios para responder aos desafios reais que eles enfrentam. Os funcionários estão dispostos a abandonar o emprego. Trabalho flexível e liderança com compaixão vieram para ficar. As empresas que não transformarem o bem-estar em prioridade provavelmente ficarão para trás.
Bradley Little é escritor e produtor audiovisual em Nova York.
Repensando seu espaço de trabalho?