O poder de construir experiências: uma conversa com Amyr Klink

O empresário e navegador Amyr Klink relata como concretizou as expedições mais impensadas motivado pela ousadia e pelo desejo de construir novas experiências

Aos 10 anos, Amyr Klink entrou no mundo náutico ao adquirir seu primeiro barco. Uma pequena canoa usada para navegar nas ruas alagadas pela maré cheia em Paraty, cidade onde cresceu, no litoral sul do Rio de Janeiro. A canoa chamada Max foi a primeira de uma série de embarcações e de uma longa jornada como navegador, escritor e empresário. Devido à suas expedições, Klink ficou conhecido como um navegante solitário, contudo neste webinar ele nos conta sobre a importância do trabalho em equipe para a concretização de seus surpreendentes projetos. 

Na medida do impossível

Na faculdade, Amyr descobriu o remo. A paixão surgiu quando ele se deu conta de que nesse esporte em equipe, quem vence é “o sincronismo, o engajamento e o treino”. No entanto, inspirado pela história de dois americanos que tentaram atravessar o Atlântico Norte remando – sem sucesso, diga-se de passagem – Klink decidiu empreender sua primeira aventura solitária: cruzar o Atlântico Sul, traçando uma rota de 3.700 milhas entre Lüderitz na Namíbia e Camaçari na Bahia. 

Amyr nos conta que para essa viagem, construiu um barco chamado I.A.T e com isso descobriu: “O prazer de sair do papel e colocar um projeto em prática”. Klink concluiu a travessia do oceano, chegando à costa brasileira em setembro de 1984, cem dias após ter partido da costa africana, superando sua meta de conclusão da viagem, que, segundo ele, era de cento e nove dias. 

Para Amyr, essa foi uma experiência irreversível. Ele afirma que desde então, nunca mais parou. Em 1986, fez a primeira de suas quinze viagens à Antártida e, ao retornar, começou a construção do Paratii, seu primeiro veleiro. Ele relata que, em 1989, com o Paratii já pronto, era momento de partir novamente com destino à Antártida. Dessa vez o plano de Amyr era muito mais ousado, um verdadeiro desafio de logística: sobreviver um ano sozinho, sem reabastecimento, sem auxílio e por, pelo menos, nove meses preso no oceano congelado, cinco deles de pura escuridão devido ao inverno polar. 

O poder transformador das conexões e da experiência  

Durante os quatorze meses em que esteve sozinho no oceano, Klink descobriu um aspecto muito importante do seu trabalho: a importância da colaboração. Executando as tarefas corriqueiras de manutenção do barco, ele enxergou que não havia atravessado o Atlântico sozinho e que tampouco estava só na Antártida. Por trás do homem solitário encalhado num mar de gelo, havia um exército de provedores. Amyr se deu conta de que, como no remo, em cada milímetro de seu barco havia o esforço de um colaborador e que todos nós fazemos parte desse universo de provedores, muitas vezes invisíveis, espalhados pelo mundo e que mesmo fisicamente sozinhos, continuamos conectados à nossa rede.

A experiência de Klink na Antártida foi um ponto de inflexão. Quando o gelo começou a derreter e a viagem estava prestes a terminar, ao perceber que ainda tinha mantimentos suficientes para uma viagem de vinte meses, Amyr decidiu seguir até o Ártico. Após tantas adversidades e de muito aprendizado, ele vislumbrou que essa seria uma oportunidade única para explorar o que havia descoberto durante seu período na Antártida. Foram três meses de mar calmo e bonança, mas segundo ele: “quando a gente não tem tensão, quando não temos problemas terríveis para resolver toda hora, quando temos uma espécie de certeza do que vai acontecer, nos tornamos ineficientes e fazemos besteiras sem perceber”. Durante esse período, Amyr quase perdeu seu barco em oito ocasiões diferentes. Foi aí que ele se deu conta da finitude do ser e das coisas materiais: “A percepção de que aquilo que levou uma vida para fazer, pode desaparecer em alguns minutos, muda a nossa escala de valores”.

A partir dessa mudança de paradigma, Klink descobriu a importância da mobilidade e da flexibilidade em relação ao nosso entorno e na construção de novos ambientes de trabalho. “Essa tendência do compartilhamento, da aquisição do benefício, ao invés do bem, do serviço ao invés da instalação, ela é absolutamente irreversível”, afirma o navegante. Amyr busca aplicar esse conhecimento no funcionamento de sua marina flutuante em Paraty. Segundo ele o serviço de charter (aluguel de barcos), tendência que surgiu na Europa, cresce exponencialmente nas marinas brasileiras, pois esse movimento possibilita que os navegadores tenham mais autonomia e tempo livre para concretizar seus projetos e criar novas experiências.  

“É o benefício de fazer, ao invés de ter” – conclui. 

Se você se interessou por esse conteúdo e gostaria de saber mais sobre a vida e as experiências de Amyr Klink, acesse o webinar on demand. 

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